A dilatação e volvo gástrico (DVG) é uma emergência comumente fatal em cães, resultante da torção do estômago em torno de seu eixo mesentérico. Essa rotação compromete o esvaziamento gástrico ao obstruir o piloro e o cárdia, promovendo distensão acentuada pelo acúmulo de gás (FOSSUM, 2004). As alterações fisiopatológicas incluem compressão das veias cava e porta, hipovolemia, choque obstrutivo, isquemia e necrose gástrica, lesão miocárdica, translocação bacteriana, sepse, síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS), coagulação intravascular disseminada (CIVD) e, frequentemente, óbito (ROSSELLI, 2022). A gastropexia está indicada nos casos de tratamento cirúrgico da DVG e também deve ser considerada como medida profilática em cães submetidos à esplenectomia, seja por torção ou outras alterações esplênicas, além de raças predispostas, como o Dogue Alemão, durante celiotomias exploratórias. Essa abordagem tem como objetivo prevenir a ocorrência da condição (ALLEN; PAUL, 2014). O procedimento consiste na fixação permanente do estômago à parede abdominal, sendo a escolha da técnica dependente da experiência do cirurgião com o método. Em abordagens abertas, costuma-se realizar a gastropexia durante a própria celiotomia, enquanto técnicas minimamente invasivas podem ser empregadas em intervenções profiláticas isoladas. As metas cirúrgicas no tratamento da DVG incluem a inspeção e remoção de tecidos necróticos do estômago e na esplenectomia, incluindo a descompressão gástrica com reposicionamento adequado e a fixação do estômago ao peritôneo, impedindo novas rotações (FOSSUM, 2004). Dentre as diferentes técnicas, a gastropexia incisional é a mais utilizada por sua simplicidade e efetividade. Nela, incisões paralelas são feitas no músculo transverso do abdômen e na camada seromuscular da região gástrica antro-pilórica, que são unidas por sutura. A técnica circuncostal, por outro lado, envolve a passagem de um retalho seromuscular ao redor da costela caudal completa, proporcionando maior fixação, porém é uma técnica mais complexa e demorada. Já a gastropexia em alça de cinto, cria um túnel na parede abdominal por onde se passa o retalho gástrico, que é posteriormente suturado ao próprio estômago. Também existem variações simplificadas que dispensam o uso de retalhos (AMERICAN ANIMAL HOSPITAL ASSOCIATION, 1998). O prognóstico, quando a cirurgia é realizada oportunamente, tende a ser favorável. Embora taxas de mortalidade superiores a 45% tenham sido reportadas, taxas inferiores a 10% são cada vez mais observadas em centros especializados (MACKENZIE et al., 2010). Cães com dilatação gástrica sem vólvulo apresentam evolução clínica mais favorável que aqueles com DVG; no entanto, o grau de rotação não parece influenciar diretamente a mortalidade (BUBER et al., 2007). Algumas raças demonstram risco aumentado de óbito, como Bloodhound, Pointer Alemão de pelo longo, Dogue Alemão e Mastiff Napolitano (EVANS; ADAMS, 2010).